Filhos em paz

Desde que começamos a tomar decisões, quando reconhecemos a força da vontade, nos tornamos adictos do livre arbítrio. E desde então, a bem da verdade, ninguém realmente manda em nós, mesmo que não sejamos ainda donos do nosso nariz. Desde jovem você escolhe com quem conversar na escola, ou qual será o seu presente naquela data especial, ou até mesmo quais sabores te agradam ante à mesa. E considerando a torrente de estímulos e opções que a sociedade de consumo oferece ao indivíduo, há de se convir que de fato ninguém manda em ninguém.

Quem não lembra da estória de Romeu e Julieta, da frustrada proibição de seus pais contra um romance prematuro? Repare que em sua sabedoria, o autor desta popular obra sugere um desfecho trágico como resultado de uma repressão inadequada ao relacionamento que os dois já viviam, mesmo que às escondidas. E a menos que se criem os filhos numa redoma sufocante e doentia, de possessão e receios intermináveis, eles farão exatamente o que acharem melhor, andarão com quem se identificam, tomarão as próprias decisões, antes mesmo da maior idade.

Aos pais, cabe negociar as liberdades, aceitar as decisões inseridas na lei, acompanhar de perto a própria obra, não como quem a deixou pela metade, e agora precisa gerenciar sua interdição, mas como quem foi amigo e ouviu mais os filhos, do que a própria obsessão por um ideal estreito, inicialmente delimitado para eles. Os especialistas afirmam que as crianças imitam referências adultas até os seus doze anos de idade. E depois? Depois as crianças aplicam através do livre arbítrio, os exemplos adotados. Portanto, não tente manipular ou mandar em seu reflexo: ele será exatamente uma extensão igual ou contrária de você, que foi presente, que dialogou, que escutou e que forneceu liberdades e parâmetros de personalidade. Apoie mais, estabeleça limites, e recrimine menos. No pior dos casos, ainda haverá respeito, diálogo, afeto e consideração.

Agora se você não foi presente, se pouco dialogou e escutou, precisará de muita humildade e força para apoiar uma pessoa bastante diferente de você, e assim, reconquistar a fé da mesma no seu amor paterno ou materno. No fim, tudo se resume à amizade, e se os pais ainda não forem amigos mais confiáveis do que os de fora, certamente precisarão trabalhar muito neste relacionamento, para volte a ser íntimo como o de um bebê nas palmas de suas mãos.

2 comentários em “Filhos em paz

  1. Ameiiii concordo criaçao de filho é dificil mas fica mas facil com amor,respeito e dialogo eu ja converso tudo com o meu detalhe ele so tem 4 anos mas acredito que é nessa idade que se pode criar um laço .

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